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Info

Arménio Ferreira
Arquivo pessoal de Arménio Ferreira enquanto médico, militante do MPLA e representante pessoal de Agostinho Neto em Portugal.
O fundo inclui um conjunto de manuscritos de Arménio Ferreira sobre o nacionalismo angolano (desde os movimentos de carácter nacionalista em Luanda e da Casa dos Estudantes do Império em Lisboa até à independência de Angola); relatórios de encontros com personalidades portuguesas e informações enviadas à direção do MPLA, em particular a Agostinho Neto, sobre a situação política em Portugal; cópias de documentos da PIDE/DGS Angola; correspondência com dirigentes e responsáveis do MPLA (Agostinho Neto, Paulo Jorge, Aristides Van-Dúnen, Carlos R. Dilolwa, Edmundo Rocha, entre outros) e intelectuais angolanos (como por exemplo Luandino Vieira); recortes de imprensa sobre Angola e relações internacionais; circulares internas e documentos do MPLA produzidos pelo Órgão Coordenador para a Europa e pelo Comité de Accão 4 de Fevereiro; documentos de contabilidade e assuntos comerciais; imprensa do MPLA; relatórios e pareceres médicos; notas biográficas e documentos reunidos por Arménio Ferreira para o Concurso de Prova de Habilitação a Chefe de Clínica de Cardiologia dos Hospitais Civis de Lisboa; alguma documentação de carácter pessoal, entre outros.
Inclui ainda parte da biblioteca de Arménio Ferreira onde podemos encontrar um conjunto significativo de obras de estudo, geralmente da área da Cardiologia e Cardiologia Vascular, de Medicina Desportiva, livros de escritores angolanos (Fernando Costa Andrade, Pepetela, Luandino Vieira, Agostinho Neto, Eugénia Neto, Manuel Rui, Henrique Abranches, entre outros), livros do Centro de Estudos Africanos (CEA) em Maputo, bem como alguma literatura portuguesa e estrangeira sobre Angola (fauna, flora, paisagens), Geografia, Antropologia, Desporto. No fundo encontram-se ainda alguns objetos, como medalhas comemorativas e exemplares de moedas, e várias fotografias.

Instituição
Fundação Mário Soares

Nota biográfica/Institucional
Médico.
Arménio dos Santos Ferreira nasceu em Luanda, no bairro das Ingombotas, a 15 de junho de 1920. Filho de António Cipriano Ferreira, dirigente da Liga Nacional Africana, e de Aurora dos Santos Ferreira.
Frequentou o Liceu de Salvador Correia, em Luanda, e veio para Portugal em 1939, onde se licenciou em julho de 1945 pela Faculdade de Medicina de Lisboa. Recebeu uma bolsa dos Hospitais Civis de Lisboa em 1952. Especializou-se em Cardiologia no Hospital Brousset, em Paris. Exerceu as funções de interno do Internato Geral e de Medicina no Hospital de Santo António dos Capuchos, entre 1946 e 1952. Dirigiu o Gabinete de Cardiologia do Hospital de Santo António dos Capuchos, de 1952 a maio de 1974. Foi convidado a desempenhar funções de chefe de clínica após a formação do Serviço de Medicina com Cardiologia. Fez parte da equipa de Machado Macedo na Cirurgia Cardíaca. Na qualidade de médico do Sporting Clube de Portugal acompanhou especialmente o ciclista Joaquim Agostinho, publicou vários trabalhos ligados à medicina desportiva, e participou em várias reuniões internacionais. Em maio de 1974, foi admitido como especialista de cardiologia dos Hospitais Civis de Lisboa. Reformou-se em 1989 com o estatuto de diretor dos Serviços de Cardiologia do Hospital de Santa Marta.
Arménio Ferreira foi um dos sócios fundadores da Casa dos Estudantes de Angola em 1943, e membro da Casa dos Estudantes do Império, criada em outubro de 1944, onde, mais tarde, exerceu gratuitamente a sua profissão de médico. Na Casa dos Estudantes do Império colaborou com Agostinho Neto, Amílcar Cabral, Lúcio Lara, Pedro Pires, Marcelino dos Santos e Paulo Jorge, entre outros. Manteve contactos com Mário Pinto de Andrade e Eduardo dos Santos em Paris. Em 1961 colaborou na organização da fuga de dezenas de estudantes nacionalistas de Portugal, com a ajuda da CIMADE. E em 30 de junho de 1962 participou no apoio à fuga de barco a partir da Doca de Bom Sucesso, em Pedrouços-Lisboa, em direção a Tanger, em Marrocos, de Vasco Cabral e Agostinho Neto, sua mulher Eugénia e dois filhos pequenos, organizada pelo PCP, com a participação de Jaime Serra, António Dias Lourenço e José Nogueira. Com esta fuga, Agostinho Neto viria a assumir em Brazzaville o cargo de Presidente do MPLA, até aí desempenhado por Mário Pinto de Andrade. Como consequência da sua atividade política e da ajuda prestada aos nacionalistas foi perseguido pela polícia política portuguesa.
Em 1974 fundou o Comité 4 de Fevereiro, juntamente com Ilídio Machado, Luandino Vieira e Carlos Veiga Pereira, e mais tarde o Órgão Coordenador do MPLA para a Europa. Foi nomeado por Agostinho Neto seu representante pessoal em Portugal e diretor do comité. Nas vésperas da independência de Angola, produziu relatórios sobre a política portuguesa destinados à direção do MPLA. Estabeleceu contactos com o Presidente da República, o governo e o Conselho da Revolução a propósito do reconhecimento da independência do seu país. Na qualidade de médico recebeu os feridos de guerra que chegavam a Portugal para tratamento na sequência dos conflitos armados em Angola, e estava sempre disponível para o atendimento gratuito aos doentes angolanos. Arménio Ferreira criou as condições para a abertura da primeira Embaixada de Angola em Lisboa. Deslocou-se diversas vezes ao estrangeiro em missões que lhe haviam sido confiadas por Agostinho Neto, nomeadamente aos Estados Unidos da América, em 1979.
Morreu em outubro de 2002.

Dimensão
48 unidades de instalação

Estado de Tratamento
Parcialmente tratado