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Jaime Carvalhão Duarte
A documentação reunida por Jaime Carvalhão Duarte tem um âmbito cronológico que, maioritariamente, corresponde às décadas de 1940 a 1960, referente às atividades da oposição democrática, entre as quais se contam documentos do MUD, das diversas campanhas eleitorais para a Presidência da República e para a Assembleia Nacional, do movimento estudantil, manifestos e panfletos de várias organizações da oposição (legal, semi-legal e clandestina), bem como uma significativa diversidade de títulos de imprensa. Destaca-se ainda um conjunto de cortes de censura do jornal República e correspondência dos Serviços de Censura, aplicando multas e punições relativamente a alguns noticiários.
A documentação que foi entregue por Simões Raposo a Carvalhão Duarte é especialmente relevante para a história do movimento republicano em Portugal, bem como para a história da Maçonaria e do papel por esta desempenhado nas vésperas da implantação da I República e nos anos subsequentes, em que se destaca o conjunto reunido por Simões Raposo relativo à “Comissão de Resistência da Maçonaria”, que contém documentação essencial sobre os preparativos da revolução do 5 de Outubro de 1910. Assinalam-se os documentos relacionados com a atividade do Grande Oriente Lusitano Unido, desde 1897 até à ilegalização da Maçonaria, em 1935, incluindo correspondência de lojas maçónicas, boletins do GOLU e documentos relacionados com o exercício de cargos maçónicos por Simões Raposo.
Inclui ainda uma coleção de recortes de imprensa reunidos por Simões Raposo sobre a implantação da República, bem como diversa correspondência trocada com Magalhães Lima, de quem foi amigo íntimo, e uma outra coleção de recortes de jornais organizada por ocasião do falecimento deste último.
Os documentos legados a Carvalhão Duarte por Rocha Martins são igualmente relevantes no que respeita à atividade dos setores políticos afetos à causa monárquica durante o período da I República, mas também quanto aos movimentos de oposição à Ditadura Militar e ao Estado Novo. Este legado é constituído por documentação relativa aos movimentos monárquicos durante a República, como sejam as incursões de Chaves em 1912, lideradas por Paiva Couceiro, manifestos, panfletos e propaganda diversa relacionada com a “Monarquia do Norte” e com revolta de Monsanto, em 1919, abrangendo tanto documentos produzidos pelos sectores monárquicos, como por forças afetas à República. Inclui, ainda, um conjunto de documentos reunidos por Alfredo de Albuquerque, relacionados com a atividade desenvolvida pelos monárquicos durante a I República, em Portugal e no estrangeiro, e as tentativas para o restabelecimento da monarquia e preparação de movimentos revolucionários. O conjunto reunido por Alfredo de Alburquerque contém também correspondência diversa com Sinel de Cordes, trocada antes e depois do movimento que instaurou a Ditadura Militar.
No arquivo de Rocha Martins encontram-se ainda documentos do final da Monarquia, como seja um conjunto de autos de processo correccional contra indivíduos acusados de pertencerem a associações secretas, datados de 1910, pouco antes da implantação da República.
Rocha Martins reuniu igualmente um conjunto de notas, cartas, cadernos, memórias e documentos diversos do coronel Gonçalo Pereira Pimenta de Castro, que ilustram o seu percurso militar e político durante a República e primeiros anos da Ditadura Militar, bem como documentação relacionada com o brigadeiro João Tamagni Barbosa, em especial um conjunto de ofícios e documentos diversos do período em que esteve à frente do Comando Militar dos Açores (1943-1944). O arquivo de Rocha Martins contém também correspondência trocada com personalidades, entre as quais se salientam, a título de exemplo, João Franco, Paiva Couceiro e Sinel de Cordes; manuscritos e apontamentos do próprio Rocha Martins; diversa documentação de relevo para o estudo das revoltas contra a Ditadura Militar, incluindo as revoltas de 1927, e as ocorridas nas ilhas adjacentes em 1931; documentos relacionados com a oposição democrática, nomeadamente diversa propaganda relativa à candidatura de Quintão Meireles à Presidência da República.
O arquivo de Carvalhão Duarte é também bastante rico no que respeita a espécies fotográficas, provenientes das três entidades produtoras, contendo numerosas fotografias ilustrativas dos acontecimentos do 5 de Outubro de 1910 e dos políticos da I República, um álbum fotográfico relativo à Campanha do Cuamato de 1907 (reunido por José de Almeida “Pesca-Rãs” e legado por Rocha Martins), entre outras fotografias avulsas pertencentes a Carvalhão Duarte.

Instituição
Fundação Mário Soares

Nota biográfica/Institucional
Jaime Carvalhão Duarte nasceu em Timalhas, Castelo Branco, a 9 de junho de 1897, e ali frequentou a instrução primária. Ingressou mais tarde na Escola Normal de Castelo Branco, onde concluiu o curso de professor, em agosto de 1915.
Nos primeiros tempos como professor primário passou por numerosas mudanças de escola. Em fevereiro de 1919 foi colocado em Vila Moreira, concelho de Alcanena, onde permaneceu até 1927.
Em agosto de 1927 foi nomeado professor da escola primária privativa do Instituto do Professorado Primário em Lisboa, onde ficou até 1931. De junho de 1928 a maio de 1935 exerceu também o lugar de professor de ginástica pedagógica no Refúgio da Tutoria Central da Infância, sendo afastado por motivos políticos. As suas posições educativas integravam-se na corrente derivada do anarquismo. No combate ao ensino rotineiro tradicional, inspira-se nas teorias da escola nova e do ensino ativo, atribuindo à escola uma função educacional mais ampla, incorporando os novos meios de cultura como o cinema e rádio.
Carvalhão Duarte destacou-se também pela sua atividade sindical na União do Professorado Primário, onde desempenhou diversos cargos de direção até esta ser ilegalizada em 1930.
Neste último ano, entrou para o jornal República, pelas mãos de Ribeiro de Carvalho. Em 1941 tomou a direção do jornal, que se irá tornar-se o elemento catalisador da atividade da oposição democrática, acompanhando de perto as atividades do MUD, e as campanhas dos vários candidatos oposicionistas às eleições presidenciais.
Morreu a 21 de agosto de 1972.
Francisco José Rocha Martins nasceu em Belém, a 30 de março de 1879. Filho de José Dias Martins e Mariana do Carmo Rocha Martins.
Frequentou o Instituto Industrial e o antigo Curso Superior de Letras, que não chegou a concluir.
Aos 15 anos, devido a dificuldades económicas dos pais, obteve colocação no escritório da Companhia União Industrial, dirigido por Mariano Prezado. Ingressou depois na redação do Diário Popular, aí iniciando uma longa carreira de jornalista.
Publicou vários contos no Diário Popular, com o pseudónimo “Fratins”. Aos 18 anos foi levado por Magalhães Lima, como folhetinista, para o jornal A Vanguarda, onde publicou vários romances históricos, que lhe conferiram grande celebridade. Transitou entretanto para o Jornal da Noite, órgão do Partido Regenerador Liberal.
Assumiu a direção da revista Ilustração Portuguesa, em 1903, que abandonou quando Carlos Malheiro Dias se exilou no Brasil, em 1911. Passou então a dirigir o Jornal da Noite e a colaborar no Liberal. Em 1920, com M. Anahory, fundou o semanário ilustrado ABC.
Envolvendo-se nas questões políticas, manteve estreitas relações com Magalhães Lima, Cândido dos Reis, Tomás Cabreira, Artur Leitão, António José de Almeida, Machado dos Santos e outros republicanos.
Contudo, o atentado à família real em 1908 aproximou-o definitivamente da causa monárquica. Durante a I República foi também deputado em 1918 e vereador da Câmara de Lisboa em 1924. Posteriormente, veio a participar no MUD, em 1945.
Morreu em Sintra, a 23 de maio de 1952.
José António Simões Raposo. Professor da Casa Pia, nasceu em Lisboa a 22 de julho de 1874. Frequentou o liceu em Ponta Delgada, durante o período em que seu pai aí exerceu funções oficiais. De regresso a Lisboa, participou ativamente na propaganda republicana, tendo tido papel essencial na preparação da implantação da República a 5 de Outubro de 1910, nomeadamente pela sua ligação à Maçonaria.
Foi secretário particular de António José de Almeida, no período em que este foi Ministro do Interior do Governo Provisório, e depois filiou-se no Partido Evolucionista.
Deputado às Constituintes em 1911 e na primeira legislatura republicana, pelo círculo de São Tomé e Príncipe, deu especial atenção às questões da instrução e da pedagogia.
Integrou a direção de vários Centros Republicanos, instituições de beneficência e de educação popular e foi inspetor da escola Voz do Operário.
Morreu em Lisboa, a 8 de julho de 1948.

Dimensão
49 unidades de instalação

Estado de Tratamento
Parcialmente tratado