Pesquisa Avançada
Voltar aos arquivos



Info

Bento de Jesus Caraça
O arquivo de Bento de Jesus Caraça espelha a sua extensa atividade política, profissional, científica e cultural. Inclui documentos e cartões de identificação pessoal, vários dos quais ilustram a sua pertença a associações, diplomas escolares e o diploma de funções públicas, relativo à sua nomeação para professor do Instituto Superior de Comércio de Lisboa, de 1927.
Os apontamentos de Bento de Jesus Caraça refletem as suas múltiplas formas de intervenção social, incluindo a colaboração na imprensa, as conferências que proferiu, os seus estudos científicos ou a sua atividade docente.
No âmbito da atividade política, salienta-se a documentação sobre o auxílio prestado a refugiados nos anos de 1940, no contexto da guerra, e ainda relacionada com a sua participação nos movimentos da oposição MUNAF, MUD e MUD Juvenil, que veio a determinar o processo disciplinar que lhe foi instaurado e culminou no seu afastamento da Universidade (1946-1947), sobre o qual existe também diversa informação.
Assinala-se ainda a presença de vária correspondência e imprensa, bem como uma coleção significativa de fotografias.
O arquivo de Bento de Jesus Caraça inclui também documentos produzidos após a sua morte, que lhe foram sendo agregados por familiares e amigos, designadamente fotografias do seu funeral e homenagens que lhe foram prestadas.

Instituição
Fundação Mário Soares

Nota biográfica/Institucional
Matemático.
Bento de Jesus Caraça nasceu em Vila Viçosa, a 18 de abril de 1901. Filho de João António Caraça e Domingas da Conceição Espadinha.
Terminou os estudos primários em 1911 e o curso complementar de Ciências no Liceu Pedro Nunes, em 1918. Frequentou depois o Instituto Superior de Comércio de Lisboa e, mais tarde, o Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras, onde o seu excecional desempenho o conduz à cátedra de Matemáticas Superiores.
Nos anos trinta, publicou em livro as suas lições que correspondem às obras "Interpolação e Integração Numérica", "Lições de Álgebra e Análise" (2 volumes), "Cálculo Vectorial" e "Conceitos Fundamentais da Matemática". Proferiu uma série de conferências públicas onde delineou todo um programa de intervenção cultural, científica e pedagógica, entre as quais se destaca, "A Cultura Integral do Indivíduo – Problema Central do Nosso Tempo". Participou ativamente na Universidade Popular Portuguesa, assumindo a sua direção em 1929, e na criação do Centro de Estudos de Matemáticas Aplicadas à Economia.
Em 1940 fundou, com António Monteiro, Hugo Ribeiro, José da Silva Paulo e Manuel Zaluar, a revista Gazeta de Matemática. Foi também um membro ativo da Sociedade Portuguesa de Matemática. Entre 1941 e 1948, levou a cabo a coleção Biblioteca Cosmos, projeto cultural que publicou cerca de centena e meia de volumes. Fundou, com José Rodrigues Miguéis, o semanário Globo.
Colaborou em diversas publicações periódicas como os jornais O Diabo, A Liberdade e República, e nas revistas Seara Nova e Vértice.
No decurso da II Guerra Mundial, desenvolveu atividades no Socorro Vermelho Internacional e impulsionou a Liga Portuguesa Contra a Guerra e o Fascismo. Foi destacado membro do MUNAF e, no final da guerra, continuou a sua ação política integrado no MUD, de cuja Comissão Central assumiu a presidência em setembro de 1945. Nesta organização assumiu um importante papel na ligação com a juventude (MUD Juvenil).
Em setembro de 1946, na sequência da sua ligação ao MUD, o governo dirigiu-lhe uma nota de culpa, acusando-o de contrariar e difamar a posição do Estado português. O processo que lhe foi movido culminou com a expulsão e demissão de Bento de Jesus Caraça da sua cátedra.
Morreu em Lisboa, a 25 de junho de 1948.
A título póstumo, foram-lhe concedidas a Grã-Cruz da Ordem Militar de Santiago de Espada (1979) e o grau de Grande Oficial da Ordem da Liberdade (1980).

Dimensão
51 unidades de instalação

Estado de Tratamento
Parcialmente tratado